Os dados divulgados pelo Banco Central reforçam esse comportamento. Mesmo com taxa menor, a criação de chaves Pix continua crescendo — assim como a movimentação financeira. E, por consequência, os valores das transações.
Pix que pariu! Quanta coisa!
O Pix começou a engatinhar ainda em 3 maio de 2018. Nessa data, o Banco Central (BC) divulgou uma portaria que oficializou a criação de grupo de trabalho (GT) para desenvolver um método de pagamento instantâneo entre diferentes bancos. Pouco mais de 2 anos e 6 meses depois da criação do GT — e no meio da pandemia —, o Pix foi lançado. Não sei você, mas eu fui logo um “early adopter” da ferramenta e estava curioso para ver na prática o seu funcionamento. Provavelmente, meu primeiro uso foi alguma transferência pessoa para pessoa — o principal tipo transação do Pix desde o seu lançamento. O crescimento da ferramenta foi “exponencial” no número de chaves criadas — mais de 523 milhões (contando as chaves aleatórias), transferências e valores movidos. Estes dois últimos intimamentes ligados: se há mais pessoas transferindo dinheiro, logo há mais dinheiro movimentado. Por falar em dinheiro, o Pix movimenta valores impressionantes. Só neste ano, mais de R$ 7,5 trilhões foram transferidos usando a ferramenta de pagamento instantâneo. Para chegar nessa quantia, o número de transações mensais no Pix passa dos bilhões desde setembro de 2021. Em dezembro de 2021, impulsionado pelas compras de Natal, os usuários do Pix fizeram 1,44 bilhões de transações. Em janeiro de 2022, o número caiu para 1,2 bilhões — também reflexo da celebração natalina. Desde então, o número só cresceu: em setembro, 2,3 bilhões “de Pix” foram realizados.
Pix durante a semana e horários do dia
O domingo (e feriados) é o dia menos movimentado, tanto em quantidade de Pix realizados quanto em valores transacionados. A quantidade de transferências não cai muito aos sábados, mas a quantidade de dinheiro movido no Pix, sim. No gráfico abaixo, você consegue identificar facilmente os sábados e o domingo (e o Dia de Finados) só pela quantidade de dinheiro movimentado via Pix. Mesmo sendo um dos horários em que menos Pix são feitos, o período das 3 da manhã costuma trazer um pico de valores transacionados quando comparado com outros horários da madrugada (tem um lugar diferente lá depois da saideira?). E claro, o horário de almoço é sagrado. Não por menos, é um período que as transações apresentam queda em quantidade e valores.
Pix é do Brasil! De app de paquera até golpes
A popularidade do Pix ficou tão grande que… que ele chegou no coração dos brasileiros — de algumas maneiras. Como o Pix permite o envio de mensagens com até 100 caracteres durante uma transação, “demorou” apenas alguns meses para ele servir como “app de paquera”. A pessoa manda um valor no Pix e a cantada no espaço de texto — lembrando que amor não se compra. Claro, a ferramenta também atingiu a sua popularidade por outros motivos. Com o crescimento das fintechs, facilidade em criar uma conta e popularização do celular, mais brasileiros podem “fazer o Pix”. Vendedores em semáforos, ambulantes (até na praia) já aceitam o método de pagamento. Acabou a desculpa “não tenho dinheiro” para quando alguém lhe oferecer uma paçoquinha. O Pix está tão popular que eu estou há meses sem meu cartão (em partes porque o app do meu banco é problemático e não registra o meu pedido). Desde que perdi meu cartão, eu só vi um estabelecimento que não aceitava Pix. E claro, os golpes. Não teria como o Pix, um método de pagamento, não ser usado para realizar golpes. Um caso que viralizou neste ano foi até cômico — passado o susto inicial, claro. A empresária Jéssica Rodriguez, dona de uma marca de roupas, recebeu um “comprovante” de Pix muito mal falsificado. O golpista tentou levar diversos produtos sem pagar. Para tentar enganar a empresária, ele adicionou um “IDO” — com uma das fontes do Instagram — em cima do botão “transferir”, tentando esconder o “R” no final da palavra. No final, o caso da Jéssica foi facilmente perceptível e engraçado. Porém, há diversos métodos de golpes via Pix. Há alguns meses, os casos do robô do Pix e similares ficaram comuns. Nesses golpes, os criminosos pedem uma transferência e prometem devolver um valor maior em troca. Pode ser fácil identificar esses golpes. Convenhamos, é bem estranho alguém pedir R$ 20 e prometer pagar R$ 200 em retorno após usar o seu dinheiro para investir em criptomoedas ou pagar um robô para comentar em promoções de redes sociais. Contudo, os casos de phishing e engenharia social são mais difíceis de reconhecer — pelo menos para quem tem pouco conhecimento digital, independente da idade. Há relatos de golpes em que os criminosos ligam para as vítimas e se passam por funcionários de bancos. Eles dizem que um Pix foi agendado de maneira errada para a conta da pessoa e ela precisa devolver o valor com antecedência. Se alguém falar isso com você, espere o Pix cair e depois devolva — provavelmente o Pix nem agendado foi. Alguns golpistas enviam capturas de tela mostrando que há um Pix agendado.
Nova queda em janeiro de 2023?
Não serão golpistas que farão o Pix perder a popularidade. Apesar da “ode” ao Pix, existe uma maneira dele perder a popularidade: os gastos exagerados. Com mais um ano de Pix completo se encerrando, será bem interessante ver o comportamento do público nas festas de fim de ano. As altas movimentações em dezembro de 2021 seguiu com uma queda no mês seguinte. A queda também foi fortalecida pelo fato do brasileiro usar o décimo terceiro para pagar suas dívidas. Janeiro de 2023 pode não apresentar uma queda muito grande: até quem cobra já está aceitando Pix — IPTU e parcela de lixo? Paga pelo Pix. Com informações: Banco Central (1 e 2)