Visitamos a sala de guerra da IBM que simula as consequências de um vazamento de dadosNovo supercomputador mais rápido do mundo foi feito para a inteligência artificial
Não é só a IBM que pesquisa a computação quântica. Companhias como Google e Intel também têm projetos na área. Todos estão em fase de desenvolvimento e, portanto, possuem aplicação apenas experimental, quando muito. Com o IBM Q System One não é muito diferente.
IBM Q System One: um cubo para manter tudo bem… gelado
Na primeira olhada, o IBM Q System One parece um artefato de filmes de ficção científica por conta do seu design peculiar: em vez de um gabinete em formato de torre ou algo que lembra um mainframe, o computador quântico da IBM vem dentro de um cubo com quase 3 m de altura feito de borosilicato, um tipo de vidro resistente a temperaturas extremas. Para você ter ideia da sofisticação empregada aqui, o projeto externo foi desenhado pela Map Project Office, firma de design industrial que já trabalhou com companhias como Honda e Sonos.
Já o invólucro em si foi criado pela Goppion, empresa italiana especializada em vitrines e outros equipamentos para museus. O quadro Mona Lisa, no Museu do Louvre, é uma das numerosas obras protegidas com um vidro fornecido pela companhia. Tanto capricho é oriundo de uma de mistura de excentricidade com uma necessidade muita específica dos computadores quânticos: manter a máquina funcionando em temperatura bem próxima do zero absoluto na escala Kelvin — ou -273,15 graus Celsius. O cubo, por si só, não é suficiente para garantir o pleno funcionamento do IBM Q System One. O equipamento também depende de um ambiente especial chamado Q Quantum Computation Center. O local fica em um laboratório da IBM em Nova York. Via de regra, as organizações interessadas poderão utilizá-lo via acesso remoto (ou seja, a partir das nuvens). Como você já deve ter percebido, não estamos falando de um computador que pode ser comprado e instalado em um datacenter convencional (quem sabe em um futuro não muito distante?).
Computador quântico de 20 qubits
Não menos importante é o aspecto da capacidade: de acordo com a IBM, o Q System One é um computador quântico de 20 qubits. Não é muito, pelo menos se levarmos em conta que a Intel tem um chip quântico de 49 qubits e, o Google, um de 72 qubits. Mesmo assim, não deixa de ser um começo interessante. Entenda o qubit como o elemento essencial da computação quântica. O nome é uma simplificação de bit quântico. E o que isso quer dizer? Aqui vai um resumo resumido: na computação convencional, por assim dizer, existe o bit que, no modelo simbólico criado para facilitar a nossa compreensão, representa o valor 0 ou 1. Já um qubit pode assumir 0, 1 ou uma superposição de ambos os valores. Dois qubits podem conter quatro valores e assim por diante. Essa lógica faz a quantidade de informações que pode ser processada aumentar exponencialmente. É por isso que a computação quântica soa tão promissora (e, ao mesmo tempo, tão desafiadora). A proposta do Q System One é permitir que empresas e outras organizações possam executar projetos de computação quântica com um nível tão próximo quanto possível da confiabilidade de um mainframe. Para tanto, a máquina também inclui elementos da computação clássica. Ela pode ser útil para reduzir o tempo de processamento de uma aplicação de alta complexidade no segmento médico, por exemplo.
Mas tudo deve ser feito sem desconsiderar o caráter de experimento. Sobretudo, o que a IBM quer mostrar com a iniciativa é que a computação quântica, apesar de ainda estar dando os primeiros passos, já está um pouco mais perto de alcançar a revolução que é esperada dela. Na atual fase, o grande problema da computação quântica é a sua natureza instável. Até oscilações elétricas mínimas ou a menor das alterações na temperatura pode estragar uma atividade em execução. É por isso que o Q System One funciona em um ambiente cuidadosamente construído em um laboratório da IBM — o computador exposto na CES 2019 não passa de um modelo para exibição. Também é por esse motivo que, na atual fase, o Q System One conta com 20 qubits. Com essa quantidade, o consumo de energia é menor e, com isso, fica mais fácil corrigir erros. É uma abordagem do tipo “qualidade antes de quantidade”. A intenção é aperfeiçoar a iniciativa progressivamente. Com informações: The Verge, Engadget.